Page 41 - Revista Food Ingredients Brasil Ed. 52
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METABOLISMO E BENEFÍCIOS À SAÚDE Os ácidos graxos ômega 6 e ômega 3, quando consumidos na dieta na forma de triglicerídeos de várias fontes alimentares, são di- geridos no intestino delgado, o que permite a absorção e o transporte no sangue e a subsequente assimilação no organismo, incluindo cérebro, retina, coração e outros tecidos. No organismo, esses ácidos graxos podem sofrer β-oxidação para for- necer energia na forma de adenosina trifosfato, ou serem esterificados em lipídios celulares, incluindo tri- glicerídeos, ésteres de colesterol e fosfolipídios ou, ainda, serem conver- tidos em uma cadeia mais longa, e/ou originarem derivados insaturados de um série de reações de dessaturação e alongamento, que são particular- mente ativas no fígado e em menor grau em outros tecidos. Os ácidos graxos essenciais que são assimilados em fosfolipídios são particularmente importantes na estrutura geral e na função dos ácidos graxos ômega 6 e ômega 3, pois mantêm a integridade estru- tural e o funcionamento crítico das membranas celulares em todo o organismo. Isso indica que os ácidos graxos presentes nas células e teci- dos do corpo humano são derivados diretamente de fontes dietéticas e/ou por meio de síntese endógena no próprio organismo. Os ácido linolênico e alfa-lino- lênico só podem ser derivados de fontes dietéticas, pois as enzimas necessárias para sintetizar esses dois ácidos graxos essenciais estão ausentes no corpo humano, em con- traste com as células vegetais. Ao contrário do ácido linoleico, que está presente em níveis con- sideráveis na maioria dos lipídios celulares, particularmente nos fos- folipídios da membrana, o ácido alfa-linolênico geralmente não se acumula em concentrações parti- cularmente altas, mesmo quando ingerido em níveis dietéticos rela- tivamente altos. Isso se deve, em parte, ao fato de que grande parte do ácido α-linolênico dietético sofre β-oxidação na mitocôndria e uma quantidade muito limitada está disponível para sua conversão em ácido eicosapentaenóico e ácido docosahexaenóico. Portanto, podem ser consumidos na dieta a partir de óleo de peixe ou alimentos funcionais enriquecidos. O metabolismo de ação dos ácidos graxos ômega 6 e ômega 3 é caracterizado por suas interações e não podem ser compreendidas separadamente. Sua ação é media- da por uma série de eicosanoides, moléculas de sinalização derivadas dos ácidos graxos essenciais, e constituem a principal via pela qual os ácidos graxos essenciais agem no organismo. Existem quatro classes de eicosanóides e duas a três séries em cada classe. As membranas externas das células contêm fosfolipídios e em cada um deles existe dois tipos de ácidos graxos. Alguns deles são ácidos graxos poliinsaturados de 20 carbonos, ou seja, ácido araquidônico (AA), ácido eicosapentaenóico (EPA) ou ácido di-homo-gama-linolênico (DGLA). Em resposta a uma va- riedade de sinais inflamatórios, esses ácidos graxos são clivados dos fosfolipídios e liberados como ácidos graxos livres, sendo, em seguida, oxigenados e posteriormente mo- dificados, produzindo os eicosanói- des. A oxidação da ciclooxigenase remove duas ligações duplas C = C, levando às séries de tromboxanos, prostaglandinas e prostaciclinas. A lipoxigenase não remove a ligação dupla C = C e leva à formação de leucotrieno. As sequências de rea- ções para o ácido eicosapentaenóico e o ácido di-homo-gama-linolênico são análogas às do ácido araquidônico. Como já mencionado, os ácidos graxos poliinsaturados exercem ÁCIDOS GRAXOS    revista-fi.com.br FOOD INGREDIENTS BRASIL No 52 - 2020 43 


































































































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