Page 74 - Food Ingredients Brasil - Edição 51
P. 74

PEPTÍDEOS acordo com cada peptídeo, todas são essenciais para a sua função como antimicrobianos. Já a atividade antiviral dos peptí- deos está frequentemente relaciona- da à adsorção do vírus e sua entrada na célula hospedeira ou, em outros casos, é o resultado de um efeito di- reto no invólucro viral. Assim, a ati- vidade antiviral dos peptídeos pode resultar de múltiplos mecanismos de ação, sendo o mais importante o bloqueio da entrada do vírus pela interação com a célula hospedeira e o bloqueio da entrada do vírus pela interação com o vírus. Estudos recentes também de- monstraram que os peptídeos podem ser uma alternativa aos tratamentos convencionais de câncer. No entanto, nem todos os peptídeos possuem atividade seletiva contra células can- cerígenas. Os que possuem atividade antitumoral podem ser classificados em dois grandes grupos: peptídeos com atividade seletiva e peptídeos com atividade não seletiva, ou seja, aqueles que apresentam atividade contra bactérias, células carcinogê- nicas e células saudáveis. Os alimentos e suplementos que contém peptídeos demonstram exibir uma gama de funções fisioló- gicas, como efeito anti-hipertensivo por inibir a enzima conversora de angiotensina (ECA), um poderoso vasoconstrictor; atividade antioxi- dante, diminuindo a ação dos radicais livres que danificam as células e estão relacionados com o processo de envelhecimento; ação imunomodula- dora e antimicrobiana, auxiliando na manutenção do sistema imunológico e impedindo a proliferação de micro- organismos nocivos; e promoção da ligação de minerais, diminuindo a competição dos minerais e facilitan- do sua absorção. Os suplementos de peptídeos são recomendados para diversas funções, como construção de múscu- los, queima de gorduras e melhoria do desempenho esportivo. São digeridos e usados prontamente pelo organismo, pois já são fornecidos em tamanhos menores, o que não exige do organismo quebrar uma grande molécula de proteína obtida através da alimentação para obter os ami- noácidos necessários para a síntese dos peptídeos. Os peptídeos de glutamina e creatina são os suplementos mais populares para o treinamento es- portivo, pois proporcionam uma absorção mais rápida e poucos efei- tos colaterais. A glutamina é produ- zida a partir de precursores, como o ácido glutâmico, a valina e a iso- leucina. Apresenta diversas funções importantes como fonte de energia para o sistema imunológico, além de participar ativamente do processo de crescimento e reparação muscular. É um peptídeo adequado para treinos intensos, ajudando o organismo na recuperação pós-treino e evitando o catabolismo. Já a creatina é produzi- da a partir da combinação dos amino- ácidos arginina, glicina e metionina. Trata-se de um peptídeo essencial no metabolismo do ATP (adenosina trifosfato), uma das principais fon- tes de energia para o organismo. A creatina atua proporcionando mais energia durante o treino. Outro suplemento de peptídeos é o BCAA, formado pela junção de três aminoácidos essenciais: a valina, a leucina e a isoleucina. É um dos suplementos mais procurados pelos atletas e praticantes de musculação, já que ajuda na reposição muscular e evita a perda de massa magra durante treinos intensos. Existem também suplementos que contêm peptídeos que forne- cem vários tipos de aminoácidos de uma só vez. Esses suplementos são chamados de proteínas ou peptídeos pré-digeridos, geralmente benéfi- cos para garantir uma quantidade adequada de aminoácidos ao or- ganismo de uma forma estável e facilmente digerida. A fabricação de produtos comer- ciais nutracêuticos e alimentos fun- cionais contendo peptídeos bioativos envolve preocupações sensoriais e desafios com relação a complicações na metodologia para garantia de qualidade; biodisponibilidade e des- tino metabólico; evidência clínica de bioeficácia; e amargor dos peptídeos. Além disso, quando considera- dos como agentes antioxidantes em sistemas alimentares, os peptídeos bioativos e hidrolisados devem aten- der a algumas demandas, como por exemplo, ser acessíveis e competiti- vos com os antioxidantes sintéticos; não causar toxicidade no organismo humano; serem eficazes em baixas concentrações; serem capazes de tolerar operações de processamento; serem estáveis nos produtos acaba- dos; e apresentarem propriedades organolépticas favoráveis. 76 FOOD INGREDIENTS BRASIL No 51 - 2020 revista-fi.com.br 


































































































   72   73   74   75   76