Page 31 - Food Ingredients Brasil - Edição 51
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Após a queda do Império Roma- no e com o advento das civilizações cristã e muçulmana, a arte e a ciência de produzir fragrâncias foram leva- das ao mundo árabe, onde alcançou um alto nível de sofisticação. Na Idade Média, esse conhecimento voltou à Europa através dos cruza- dos que retornavam da Terra Santa, sendo ainda mais desenvolvido pelos alquimistas, que procuraram criar o “elixir da vida”, e pelos mosteiros, que usavam os óleos essenciais para obter vários medicamentos para tra- tamento de doenças ou para produzir derivados aromáticos para produção de perfumes. Atualmente, o uso de óleos essen- ciais é extremamente diversificado, sendo uma de suas aplicações mais significativas na indústria agroali- mentar, tanto para a produção de bebidas quanto para aromatização, atendendo a uma ampla variedade de bens de consumo, como produtos de confeitaria, refrigerantes e bebidas alcoólicas destiladas. Além de seu amplo uso como material aromati- zante, muitos óleos essenciais pos- suem propriedades antioxidantes e antimicrobianas, direcionadas para aplicação como conservantes e para prolongar o shelf life dos produtos alimentícios. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E MÉTODOS DE EXTRAÇÃO Os óleos essenciais são uma mistura complexa de compostos naturais, compostos polares e não polares. Em geral, são constituí- dos por terpenos (monoterpenos e sesquiterpenos), compostos aromáticos (aldeído, álcool, fenol, derivado metoxi, etc.) e terpenóides (isoprenóides). Os terpenos, cuja estrutura bá- sica inclui cinco unidades baseadas em carbono, conhecidas como iso- prenos, são a classe mais comum de compostos químicos encontrados nos óleos essenciais, sendo os principais tipos os sesquiterpenos e os mono- terpenos; estes últimos são formados pela combinação de duas unidades básicas de dois isoprenos e atuam como compostos principais dos óleos essenciais, significativamente asso- ciados à formação de uma grande variedade de estruturas. Os compostos aromáticos podem ser divididos em dois grupos prin- cipais, o dos hidrocarbonetos, que consistem em moléculas constituídas por átomos de hidrogênio e carbono dispostos em cadeias, podendo ser alifáticos, responsáveis pelo odor, de- vido a presença de grupos funcionais oxigenados, alcanos, cujos átomos são conectados por uma ligação sim- ples entre dois átomos de carbono em suas estruturas, ou aromáticos, responsáveis pelo odor agradável; e o dos compostos oxigenados, que são a combinação de carbono, hidrogênio e oxigênio. Os compostos oxigenados po- dem ser derivados de terpenos, sendo denominados de terpenói- des. Alguns compostos oxigenados predominantes em óleos essenciais de plantas inclui fenóis (timol, eu- genol, carvacrol e chavicol); álcool monoterpeno (borneol, isopulegol, lavanduol e α-terpineol) e álcool sesquiterpeno (elemol, nerolidol, santalol e α-santalol); aldeídos (ci- tral, mirrenal, cuminaldeído, citro- nelal, cinamaldeído e benzaldeído); cetonas (carvona, mentona, pule- gona, fenchona, cânfora, tujona e verbenona); ésteres (acetato de bomilo, acetato de linalilo, acetato de citronelilo e geranilo acetato); óxi- dos (1,8-cineol, óxido de bisabolona, ÓLEOS ESSENCIAIS revista-fi.com.br FOOD INGREDIENTS BRASIL No 51 - 2020 33 


































































































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