A palavra “sustentabilidade” tem sua origem do latim sustentare, que significa sustentar, apoiar, cuidar, conservar e/ou defender; refere-se a busca pelo equilíbrio entre o acesso dos recursos naturais e a procura deles pela sociedade.

Esse conceito foi registrado pela primeira vez em 1972, na Conferência de Estocolmo, a primeira sobre meio ambiente, realizada pela ONU (Organização das Nações Unidas), para debater e os problemas relacionados à poluição e degradação ambiental.

Vinte anos depois, o Brasil sediou a Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a famosa Rio-92, na qual foi consolidado o conceito de desenvolvimento sustentável, termo que passou a ser entendido como o desenvolvimento a longo prazo, de forma que os recursos naturais não fossem extinguidos pela humanidade. Também foi criada a Agenda 21, documento que marcou a importância do comprometimento com soluções dos problemas socioambientais por todos os países participantes da conferência.

Desde 1972, a palavra “sustentabilidade” vem ganhando amplitude e hoje, é uma preocupação crescente que tem impulsionado diversas indústrias a repensarem seus processos e produtos, inclusive o setor de alimentos, no qual o desenvolvimento de novos ingredientes é uma área em que a sustentabilidade desempenha papel importante, pois busca criar alternativas mais amigáveis ao meio ambiente, com menor impacto ambiental e social.

Mas qual a influência da sustentabilidade no desenvolvimento de novos ingredientes e como essa abordagem é vista pela indústria alimentícia?

Para entender essa influência, é importante destacar os principais desafios enfrentados pela indústria de alimentos atualmente. A produção em larga escala, a utilização intensiva de recursos naturais e a geração de resíduos são apenas alguns dos problemas enfrentados. Além disso, a demanda por alimentos está em constante crescimento devido ao aumento da população mundial, o que exige soluções inovadoras e sustentáveis.

Uma das principais maneiras pelas quais a sustentabilidade influencia o desenvolvimento de novos ingredientes é através da busca por fontes alternativas e renováveis, como a adoção de ingredientes de origem vegetal, que reduzem significativamente o impacto ambiental associado à produção de alimentos, além de atenderem a crescente demanda por naturalidade.

Outra área em que a sustentabilidade influencia o desenvolvimento de novos ingredientes é a redução do desperdício alimentar. Estima-se que cerca de um terço de todos os alimentos produzidos no mundo sejam desperdiçados, representando não apenas uma perda econômica, mas também um impacto significativo no meio ambiente. Ao desenvolver ingredientes a partir de subprodutos e resíduos alimentares, é possível aproveitar ao máximo os recursos disponíveis, reduzindo a necessidade de extração e produção de novos ingredientes. Além disso, essa abordagem contribui para a redução da emissão de gases de efeito estufa associados ao transporte e descarte de resíduos.

A sustentabilidade também influencia o desenvolvimento de novos ingredientes através da adoção de práticas agrícolas mais sustentáveis. A agricultura convencional muitas vezes depende de pesticidas e fertilizantes químicos, que podem ter efeitos negativos na saúde humana e no meio ambiente. Ao buscar ingredientes cultivados de forma orgânica e sustentável, é possível minimizar a contaminação do solo e da água, além de preservar a biodiversidade. Essa abordagem garante que os ingredientes desenvolvidos sejam seguros e saudáveis, tanto para os consumidores quanto para o meio ambiente.

A busca por alimentos mais saudáveis e naturais é uma constante no mercado alimentício. Ao desenvolver ingredientes sustentáveis, é possível evitar o uso de aditivos artificiais, conservantes e corantes, que podem ser prejudiciais à saúde. Além disso, a adoção de ingredientes naturais e orgânicos pode fornecer benefícios nutricionais adicionais, como maior teor de vitaminas, minerais e antioxidantes.

Outro aspecto importante é a segurança alimentar. A contaminação de alimentos por patógenos representa um risco significativo para a saúde pública. Ao adotar práticas sustentáveis de produção e processamento de ingredientes, como a higiene adequada, controle de temperatura e monitoramento da cadeia de suprimentos, é possível reduzir o risco de contaminação e garantir a segurança. Além disso, a rastreabilidade dos ingredientes pode ser aprimorada, permitindo uma resposta mais rápida em casos de recall de produtos.

Além disso, a produção de alimentos requer grandes quantidades de água e energia; a busca por ingredientes mais sustentáveis visa minimizar o consumo desses recursos, através da otimização dos processos produtivos, do uso de tecnologias mais eficientes e da implementação de sistemas de gestão ambiental. Ao desenvolver ingredientes que requerem menos água e energia para serem produzidos, é possível reduzir o impacto ambiental da indústria de alimentos.

À medida que os consumidores se tornam mais informadas sobre as questões ambientais e sociais relacionadas à produção de alimentos, aumenta a demanda por ingredientes sustentáveis e responsáveis. Isso tem impulsionado as empresas a adotarem práticas mais transparentes e éticas, garantindo a sustentabilidade em toda a cadeia de valor.

A rastreabilidade e a transparência são essenciais para garantir a sustentabilidade dos ingredientes, através do monitoramento e da certificação de práticas sustentáveis de produção, o estabelecimento de critérios socioambientais para fornecedores e a adoção de sistemas de certificação e selos de qualidade que atestem a origem responsável dos ingredientes. Uma cadeia de suprimentos responsável contribui para a redução do desmatamento, a preservação dos ecossistemas e a promoção do desenvolvimento sustentável.

A busca por soluções sustentáveis tem impulsionado avanços científicos e tecnológicos na indústria alimentícia. Novas técnicas de cultivo, processamento e conservação de ingredientes estão sendo desenvolvidas para minimizar o uso de recursos naturais, reduzir o desperdício e melhorar a eficiência produtiva. A aplicação de tecnologias como agricultura de precisão, biotecnologia e nanotecnologia tem o potencial de revolucionar a forma como os ingredientes são produzidos e utilizados na indústria alimentícia.