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ESPESSANTES

Utilizados para aumentar a viscosidade de soluções, de emulsões e de suspensões em alimentos, os espessantes são amplamente aplicados nos setores de panificação, alimentos açucarados, produtos cárneos, bebidas e sorvetes.

Definição

Segundo a legislação brasileira, espessante é a substância que aumenta a viscosidade de um alimento, melhorando a textura e a consistência dos alimentos processados. É hidrossolúvel e hidrofílico, sendo usado para dispersar, estabilizar ou evitar a sedimentação de substâncias em suspensão. Emprega-se em tecnologia de alimentos e bebidas como agente estabilizador de sistemas dispersos, como suspensões (sólido-líquido), emulsões (líquido-líquido) ou espumas (gás-líquido).

Geralmente, os espessantes e os estabilizantes são tratados juntos pelo fato de existirem muitos espessantes com características e propriedades de estabilizantes. Além disso, alguns estabilizantes não contidos na listagem dos espessantes possuem capacidade de aumentar o grau de viscosidade das soluções, emulsões e suspensões, caracterizando-se, portanto, como espessante.

Esse tipo de aditivo é usado em pequenas proporções (menos que 0,5%), devendo apresentar como características, sabor neutro, ser de fácil dispersão, ser termoestável, conferir mais corpo e maior resistência às variações de temperatura, e ter baixa relação custo/benefício.

De maneira geral, os espessantes não apresentam toxicidade ao serem ingeridos nos alimentos.

Principais tipos

Entre os principais espessantes encontrados no mercado estão os polissacarídeos, como o agar-agar, os alginatos e a carragena; as pectinas, de alto teor de metoxilas (ATM) e de baixo teor de metoxilas (BTM); as gelatinas, frequentemente usadas como agente espessante; os exudados de plantas, com destaque para as gomas adraganta, arábica, karaya, guar, jataí, xantana e gelana; os amidos, nas formas quimicamente modificados (produzidos no tratamento do amido com ácidos clorídrico ou sulfúrico, ou ainda com bases de hidróxido de sódio), com ligações cruzadas (amidos modificados que usam certas substâncias químicas para realizar a interligação das cadeias constituídas como pontes contendo de 500 a 1.000 unidades de glicose), e derivatizados (amidos modificados através da adição de cadeias laterais com carga negativa, tais como acetatos, succinatos e fosfatos); e os derivados de celulose, como a celulose microcristalina e a carboximetilcelulose (CMC).

Os polissacarídeos

O agar-agar, também conhecido como agar ou agarose, é um hidrocolóide extraído de diversos gêneros e espécies de algas marinhas vermelhas, da classe Rodophyta, onde ocorre como carboidrato estrutural na parede das células. Tais algas que contém o agar-agar são denominadas agarófitas.

O agar-agar é insolúvel em água fria, porém expande-se consideravelmente e absorve uma quantidade de água de cerca de 20 vezes o seu próprio peso, formando um gel não absorvível, não fermentável e com importante característica de ser atóxico.

Possui em sua composição, principalmente, fibras e também sais minerais (P, Fe, K, Cl, I), celulose, anidrogalactose e uma pequena quantidade de proteínas.

O agar-agar em pó seco é solúvel em água e outros solventes à temperatura de 95ºC a 100ºC; em pó umedecido por imersão em etanol, 2-propanol, acetona ou salinizado por altas concentrações de eletrólito, é solúvel em uma variedade de solventes à temperatura ambiente.

O agar-agar é pouco utilizado na indústria de alimentos pelo fato de ser caro e, também, por formar géis mais duros e quebradiços que os demais, principalmente os produzidos através de gelatinas. É usado como agente espessante e estabilizante em gelados, compotas e outros doces. É também utilizado em derivados de carnes, peixes e leite.

O agar-agar é normalmente comercializado sob a forma de pó ou como tiras de algas secas. Possui aspecto esbranquiçado e semi translúcido.

Os alginatos são obtidos de algas marrons coletadas em regiões costeiras no mar, podendo constituir até 40% da massa seca destas algas. Devido a suas propriedades únicas, para gelificar e espessar soluções e atuar como suporte de imobilização, o material tornou-se um produto de importância comercial.

Em função de suas características, é amplamente utilizado em alimentos como espessante, estabilizante de emulsões e de espuma, agente de encapsulação, agente de gelificação, agente de formação de filmes e de fibras sintéticas entre outras possibilidades.

Os alginatos são copolímeros lineares constituídos de ácidos α-L-gulurônicos e β-D-manurônicos com ligações 1-4. O material varia extensamente em termos de sua proporção entre os resíduos manurônicos e gulurônicos, bem como em sua estrutura sequencial e grau de polimerização. Dessa forma, o material pode apresentar sequências alternadas de resíduos manurônicos e gulurônicos e blocos constituídos de dois ou mais resíduos manurônicos ou gulurônicos.

Para várias aplicações nas quais o material é utilizado é fundamental sua capacidade de formar géis, cujas características dependem da proporção de resíduos manurônicos/gulurônicos e do número de ligações cruzadas entre as cadeias poliméricas. Os géis são formados na presença de cátions divalentes como Ca++ ou Mg++ e a presença de sequências de resíduos gulurônicos é necessária para que apresentem essa capacidade. A interação entre os íons divalentes e os blocos gulurônicos forma a estrutura denominada "modelo caixa de ovos".

No alginato produzido por bactérias estão presentes tanto os resíduos manurônicos como os gulurônicos. Os resíduos manurônicos podem estar ligados com grupos acetil, no carbono 2 e/ou 3, o que os torna parcialmente acetilados. Uma característica apresentada por alginatos produzidos por Pseudomonas é a ausência de resíduos ou de blocos constituídos de ácidos gulurônicos.

As características estruturais do material afetam significativamente seu comportamento reológico. Assim, as propriedades reológicas do biopolímero sintetizado por bactérias estão associadas ao grau de polimerização, às complexas interações entre íons e os resíduos gulurônicos e manurônicos e ao grau de acetilação. A força do gel formado irá depender do número e da extensão dos blocos de resíduos gulurônicos ao longo da cadeia polimérica e da concentração de íons presentes. A presença de grupos acetil confere ao material biossintetizado características viscoelásticas mais pronunciadas.

A indústria de alimentos utiliza a maior parte dos alginatos produzidos atualmente. Entre suas aplicações usuais estão o uso em sorvetes, produtos lácteos e misturas para bolos. O alginato encontra aplicações também na indústria de bebidas, onde é utilizado para melhorar as características sensoriais destes produtos. Em cervejas estabiliza a espuma e na elaboração de sucos pode ser utilizado para manter os constituintes da mistura em suspensão.

As carragenas são um grupo de polissacarídeos naturais que estão presentes na estrutura celular de algas do tipo Rodophyceae. As principais variedades utilizadas para a extração de carragena são as Gigartina, Chondrus e Iridaea, pertencentes à família Gigartinaceae, que crescem em águas frias, e as Euchema e Hypnea, pertencendo, respectivamente, às famílias Solieriaceae e Hypneaceae, as quais nascem em águas mais quentes. Podem ser separadas em diferentes tipos: Lambda, Kappa, Iota, Mu e Nu, das quais Lambda, Kappa e Iota são as principais.

As carragenas possuem a particularidade de formar colóides e géis em meios aquosos a concentrações muito baixas. Esses géis são transparentes e termorreversíveis, tendo uma ampla variedade de texturas, desde muito elásticas e coesas, até géis firmes e quebradiços, dependendo

da combinação das frações que se utiliza.

Entre as principais propriedades da carragena destacam-se a solubilidade, gelificação, viscosidade, estabilidade, reatividade, interatividade e pH.

A mais específica propriedade da carragena como um hidrocolóide é seu alto grau de reatividade com certas proteínas e sua reatividade com proteína de leite em particular, que é a base para um grande número de aplicações da carragena em alimentos. Essa reação entre caseína e carragena, chamada “reatividade do leite”, torna possível a suspensão de chocolate e outras partículas em leite, com o uso de pequenas quantidades de carragena (0,025%), formando um delicado gel, mas somente aumentando ligeiramente a viscosidade do leite.

As carragenas do tipo Lambda podem atuar como agente espessante a frio ou a quente, as do tipo Iota e Kappa, além de serem amplamente utilizadas como agente espessante em produtos preparados a altas temperaturas, também permitem a obtenção de géis estáveis em água à temperatura ambiente sem necessidade de refrigeração.

Em certas aplicações, suas propriedades espessantes tixotrópicas ajudam a estabilizar emulsões, inibindo a coalescência e posterior separação das fases.

Em geléias e marmeladas, as carragenas Kappa II e Iota são normalmente utilizadas pelas suas propriedades gelificantes e espessantes. A carragena também é utilizada como espessante em molhos e sopas.

Amidos ou outros espessantes podem ser usados em conjunto com as carragenas.

As pectinas

As pectinas são polímeros de ésteres do acido D-galacturônico que existem como componentes do esqueleto intercelular, junto com a celulose, em muitos tecidos vegetais. São altamente esterificadas e necessitam para sua gelificação açúcar e acidez. Com esta propriedade, utiliza-se a pectina para a elaboração de geleias e doces em massa de frutas.

As pectinas purificadas foram primeiramente extraídas do bagaço de maçãs e mais tarde das frutas cítricas (extração mais comum atualmente). A sua qualidade está associada a capacidade de reter açúcar.

Algumas frutas como maçãs ácidas, limões, framboesas e laranjas ácidas possuem uma quantidade maior de pectina na fruta, logo precisam de pouca adição deste. No entanto, as substâncias pécticas totais e a acidez diminuem à medida que a fruta amadurece.

A pectina é extraída da casca das frutas cítricas e da maçã por hidrólise ácida à quente, seguida de precipitação alcoólica ou alcalina. A seguir, é submetida a purificação, secagem, moagem e homogeneização. O controle das fases do processo de extração permite a obtenção da pectina sob duas formas: pectinas de alto teor de metoxilas (ATM), com grau de esterificação maior que 50%; e pectinas de baixo teor de metoxilas (BTM), com grau de esterificação menor que 50%.

A pectina ATM forma géis com conteúdo de sólidos solúveis acima de 55% e pH de 2,0 a 3,5. Este gel se estabiliza por interações hidrofóbicas do grupo éster metílico e por formação de pontes de hidrogênio intermoleculares. O pH ácido provoca a protonação dos grupos carboxílicos, diminui a repulsão eletrostática entre as cadeias e aumenta a formação de pontes de hidrogênio. A adição de um sólido solúvel (como a sacarose), diminui a atividade de água, diminuindo a disponibilidade de água livre para solvatar o polissacarídeo, aumentando as interações hidrofóbicas entre os grupos éster metílicos.

O gel ATM pode ser utilizado em geleias com pedaços ou poupa de frutas, iogurte líquido, sucos concentrados, bebidas lácteas acidificadas, sorvetes de frutas, entre outros.

A pectina BTM pode ser utilizada em geleias de baixo teor de sólidos (15% a 60%), geleias dietéticas, iogurtes, doces de leite, entre outros.

Para a formação de géis, a pectina BTM necessita de sais de cálcio solúveis que podem estar presentes nas frutas, no leite ou ser adicionadas como soluções diluídas de fosfato ou cloreto. O gel de pectina BTM se estabiliza por interações entre os grupos carboxílicos e íons divalentes (cálcio). Esta pectina não necessita de açúcar para gelificar, porém a adição de 10% a 20% melhora a textura do gel, tornando-o mais elástico e menos frágil.

Para a geleificação de algumas frutas o emprego de pectina não é necessário, já para outras a quantidade de pectina adicionada depende de fatores como a qualidade e quantidade da pectina contida na própria fruta e do conteúdo de sólidos solúveis requeridos no produto final.

As maçãs, uvas, limões e limas são exemplos de frutas que contêm alto teor de pectina; já as cerejas, figos, melões, pêras e pinhas são as frutas que contêm baixo teor.

Para a fabricação de geleias de frutas cítricas é necessário ajustar o conteúdo de pectina conforme as exigências do comércio, corrigindo a deficiência natural com a adição de pectina comercial. Outra característica favorável da pectina é o seu valor dietético e nutritivo, além de estimular a saliva e ajudar aos movimentos peristálticos do intestino.

A gelatina

A gelatina é uma proteína derivada da hidrólise parcial do colágeno, que é o principal constituinte de peles de animais, ossos, tendões e tecido conectivo.

Como o colágeno, a gelatina é composta por 18 aminoácidos diferentes que estão unidos por ligações peptídicas na formação da molécula de gelatina, cujo peso molecular médio varia entre 20.000 a 250.000, dependendo do grau de hidrólise do colágeno.

Tem como característica peculiar o alto conteúdo de glicina, hidroxiprolina e prolina e deficiência em aminoácidos sulfurados. Não é uma proteína completa, pois o aminoácido essencial triptofano não está presente; entretanto, é um produto nutricionalmente interessante, podendo ser empregado como suplemento protéico, associado a outras proteínas,

além de ser um ingrediente muito procurado na obtenção de produtos dietéticos, de baixa caloria, sem colesterol e gordura reduzida.

As gelatinas comestíveis disponíveis comercialmente possuem em sua composição 84% a 90% de proteína; 2% a 4% de sais minerais; e 8% a 12% de água. Não contêm carboidratos, gorduras, colesterol ou purina e são livres de qualquer tipo de conservantes. Apresenta-se em folhas, escamas, fragmentos, pó fino ou grosso.

Devido à sua capacidade natural de melhorar a aparência, a consistência e o sabor dos alimentos, a gelatina é utilizada em numerosas aplicações industriais. Frequentemente, é usada como agente espessante, podendo também exercer funções como agente gelificante, estabilizante, emulsificante, aerador, formador de filmes, para prevenção de sinérese e para dar cremosidade aos mais diferentes produtos.

Os exsudados de plantas

As gomas obtidas de exudados de plantas são heteropolissacarídeos complexos. A indústria de alimentos é uma das principais usuárias de gomas, onde desempenham funções como espessantes, gelificantes, emulsificantes, estabilizantes e como formadoras de filmes.

Como já mencionado, os destaques são as gomas adraganta, arábica, karaya, guar, jataí, xantana e gelana.

A goma adraganta é um polissacarídeo complexo, ligeiramente ácido, ligado com pequenas proporções de proteína e com traços de amido e material celulósico. Cálcio, magnésio e potássio são os cátions associados. Apresenta várias cadeias que podem agregar-se a sua estrutura paralelamente ao comprimento de seu eixo central. Após hidrólise ácida, a goma adraganta produz açúcares de ácido D-galacturônico, D-galactose, L-fucose (6-deoxi-L-galactose), D-xilose, L-arabinose, L-ramnose. A proporção exata de cada açúcar varia entre as gomas de locais diferentes. Quimicamente, a goma adraganta consiste em duas frações. Uma fração, chamada de ácido tragacantico ou bassorina, que representa 60% a 70% da goma total, e que, embora insolúvel em água, tem capacidade para intumescer e formar gel. A outra pequena fração, chamada de tragacantina, é solúvel em água e forma uma solução coloidal hidrossolúvel. A goma adraganta é usada como estabilizante, espessante, emulsificante e agente de suspensão em várias aplicações, baseado em sua alta viscosidade em baixas concentrações, boas propriedades de suspensão, alta e pouco comum estabilidade no calor e acidez e efetivas propriedades emulsificantes. Também é de fácil manipulação, tem paladar cremoso e longo shelf life. Suas maiores aplicações alimentícias são em molhos e molhos para saladas líquidos; óleos e emulsões aromatizadas; sorvetes, picolés e sorbets; recheios para panificação e confeitaria; refrigerantes; e confeitos.

A goma arábica ou acácia é constituída principalmente por arabina, mistura complexa de sais de cálcio, magnésio e potássio do ácido arábico. Este ácido é um polissacarídeo que produz L-arabinose, D-galactose, ácido D-glucorônico e L-ramnose após hidrólise. Contém 12% a 15% de água e várias enzimas ocluídas (oxidases, peroxidases e pectinases) que podem causar problemas em algumas formulações. É composta de duas frações: a primeira de polissacarídeos, os quais apresentam pouco ou nenhum material nitrogenado (70% da composição da goma) e a segunda fração composta de moléculas de elevado peso molecular e proteínas integrantes da estrutura. Ambas as gomas, de A. senegal e A. seyal, polissacarídeos complexos, contêm uma quantidade pequena de material nitrogenado que não pode ser removido através de purificação. As suas composições químicas variam ligeiramente de acordo com a fonte, clima, estação, idade da árvore, etc. A goma arábica contribui na prevenção da cristalização do açúcar em caramelos, bem como na dissolução de essências cítricas nos refrigerantes. Ainda constitui um agente encapsulante muito bom para óleos aromatizantes empregados em misturas em pó para bebidas, além de aprimorar a textura de sorvetes. Constantemente, é usada em conjunto com outros tipos de polissacarídeos, devido ao fato de apresentar baixas viscosidades quando em pequenas concentrações. A goma arábica, por sua fácil e rápida solubilidade em água, facilita a reconstrução de produtos desidratados e de concentrados de aromas.

Os três grandes campos de aplicações da goma arábica são confeitos, emulsão de aromas em bebidas e encapsulamento de aromas.

A goma karaya é o produto obtido por secagem das exsudações do tronco e dos ramos de variedades naturais da Sterculia urens Roxburgh madura, uma árvore grande, fechada, que cresce amplamente ao longo da faixa da Índia subcontinental, e outras espécies do gênero Sterculia (família Sterculiaceae), ou de variedades naturais de Cochlospermum gossypium A. P. de Candolle e outras espécies do gênero Cochlospermum (família Bixaceae). A goma karaya foi usada como emulsificante, estabilizante e agente espessante por muitos anos, porém a sua demanda está diminuindo. Muitas aplicações tradicionais foram substituídas por gomas de menor custo, ou por blends desses hidrocolóides. Não obstante, em aplicações especiais, a goma karaya continua sendo o hidrocolóide escolhido. A goma karaya é um polissacarídeo fortemente ácido, com boa estabilidade em preparações ácidas. É composta por unidades de ácido D-galacturônico, L-ramnose e D-galactose e cadeias laterais de ácido D-glucurônico. O conteúdo total de resíduo ácido urônico na goma pode ser de até 35% a 40%. Os resíduos de açúcar restantes são neutros. Aproximadamente 1% dos componentes proteínaceos também são ligados à estrutura, mas as composições de aminoácidos variam muito com as diferentes espécies. A goma karaya comercial contém aproximadamente 30% a 43% de ácido galacturônico, 13% a 26% de galactose e 15% a 30% de ramnose, após hidrólise ácida. O cálcio e o magnésio são os principais cátions unidos ao ácido urônico na estrutura da goma. A goma karaya tem um conteúdo de ramnose muito maior do que as outras gomas exsudadas comercializadas. As principais aplicações alimentícias da goma karaya são e molhos; sorvetes e sobremesas congeladas; laticínios; produtos cárneos; panificação; e alimentos saudáveis.

A goma guar é retirada do endosperma do feijão do tipo guar: Cyamopsis. Sua importante propriedade é a capacidade de se hidratar rapidamente em água fria e atingir alta viscosidade. É usada como espessante de sopas, alimentos pobres em calorias e para aumentar o poder geleificante de outros espessantes. O resíduo de sua semente, depois de extraída a goma, é bastante valioso para a utilização em rações animais. Além dessas vantagens, a goma guar é de baixo custo, além de ser um bom espessante e estabilizante. Sua formação é constituída por moléculas de manose e galactose na proporção de 2:1. Dissolve em água fria e geleifica quando em contato com borato. A goma guar pode ser empregada em bebidas como estabilizantes ou ainda em sorvetes, pudins e coberturas para saladas, como espessante.

A goma jataí, ou goma locusta, como também é conhecida, é proveniente do feijão de alfarroba, característico da região do Mediterrâneo. É formada por manoses e galactoses na proporção de 4:1. Sua aplicação tem a finalidade de melhorar a textura de certos alimentos, como bolos e biscoitos; espessar coberturas para saladas; melhorar as características de congelamento e fusão de sorvetes; na palatabilidade dos géis de carragena; e para diminuir a dureza e a temperatura de fusão do gel.

A goma xantana é um heteropolissacarídeo produzido pela Xanthomonas campestris. As soluções de goma xantana quando em baixas concentrações são pseudoplásticas, apresentam altos índices de viscosidade e tornam-se ralas quando sobre ela é aplicada força de cisalhamento. As operações de bombeamento na fase de produção do alimento são facilitadas pela pseudoplasticidade, fazendo com que produtos como, por exemplo, coberturas para saladas, fluam com facilidade de um frasco ou garrafa. A goma xantana também apresenta excelente estabilidade em valores de pH extremos, na faixa de 2 a 11, e altas temperaturas de 100ºC a 120ºC, além de poder ser dissolvida em água quente ou fria. É facilmente solúvel em água, produzindo alta viscosidade. Não é solúvel na maioria dos solventes orgânicos. Em associação com outras gomas, proporciona textura lisa e cremosa, alimentos líquidos com qualidade superior as demais gomas. É utilizada para a fabricação de molhos para saladas, bebidas, geleias, produtos cárneos, enlatados e sopas.

A goma gelana é obtida através da fermentação aeróbica de Pseudomas elodea. A gelificação se produz por dispersão em água quente, em presença de íons monovalentes ou divalentes, sendo o gel formado resistente ao ácido, calor e enzimas. Quanto menor a concentração utilizada mais o sabor se destaca em contato com a cavidade bucal.

Os amidos

Apesar dos amidos serem utilizados como espessantes, são considerados como alimentos. O amido constitui uma importante reserva de nutrição de todos as plantas superiores (sementes, tubérculos, rizomas e bulbos). Pelo fato de ser facilmente hidrolisado e digerido, é um dos elementos mais importantes da alimentação humana.

O amido é constituído de cadeias de α-D-glicose. Sua estrutura é constituída por dois polímeros (a amilose e amilopectina), sendo que as cadeias da amilopectina são ramificadas e as da amilose são retas. Além disso, a amilose forma géis firmes após o resfriamento e tem grande tendência a precipitar, enquanto que a amilopectina apresenta geleificação lenta ou inexistente, precipitação lenta e textura gomosa e coesiva.

As fontes mais comuns de amido são cereais e raízes, como o arroz, milho, trigo, batata e mandioca. O amido não é doce, não é solúvel em água fria e representa de 70% a 80% das calorias ingeridas na dieta humana. Apresenta baixo custo, grande disponibilidade e facilidade de armazenamento e manipulação.

Para entender sua aplicação como espessante, é importante que se conheça os seus polímeros. A amilose é um polissacarídeo linear, formado por unidades de D-glicopiranose unidas entre si por ligações glicosídicas a (1-4). A amilose possui vários usos na indústria de alimentos, sendo utilizada na produção de filmes transparentes para empacotamento de produtos alimentícios, tais como café instantâneo, sopas, chá e coberturas de salsichas. Devido a sua tendência de formar géis rapidamente, estáveis e dispersíveis em água, é útil no preparo de pudins e molhos de carne. O amido de milho com alto conteúdo de amilose é útil como espessante de produtos assados. Os ésteres de amilose podem ser usados como agentes espessantes para produtos alimentícios, aumentando seu ponto de fusão, bem como fazendo com que os alimentos gordurosos, tais como margarina, pasta de amendoim, chocolates e assados contendo gorduras, tornarem-se mais estáveis contra as variações de temperatura.

A amilopectina é uma fração altamente ramificada do amido. É formada por várias cadeias constituídas de 20 a 25 unidade de α-D-glicopiranose, sendo usada como espessante, estabilizante e adesivo.

Cada amido apresenta um intervalo de temperatura de gelificação característico, correspondente ao ponto de máxima viscosidade. Esse intervalo é medido a partir do início do desaparecimento das zonas cristalinas do grão até o seu fim, visível em microscópio com luz polarizada.

O amido natural não se dissolve em água fria. Além disso, suas soluções são instáveis quando em contato com ácidos. O amido é solúvel em álcool, éter, óleos graxos e essenciais. Quando tratado com ácido nítrico, se converte em amido solúvel. A hidrólise do amido é uma importante reação industrial, a qual é realizada por ácidos, enzimas, ou ambos. Estas limitações, contudo, podem ser alteradas quando modifica-se o amido por reações com variados agentes químicos.

A alteração do amido permite a obtenção de misturas de grande aplicação comercial, como maltodextrinas, maltose e xaropes concentrados em glucose. Esses produtos são bastante utilizados na indústria alimentícia, especialmente em doces.

Para que de fato o amido possa ser usado como espessante, algumas alterações são feitas em sua estrutura. Os amidos quimicamente modificados são produzidos no tratamento do amido com ácidos clorídrico ou sulfúrico, ou ainda com bases de hidróxido de sódio. A partir dessas misturas acontece a quebra das moléculas de amido em partes menores, chamadas dextrinas. Estas são componentes de caráter inócuo e normais da dieta.

Os amidos com ligações cruzadas são amidos modificados que usam certas substâncias químicas para realizar a interligação das cadeias constituídas como pontes contendo de 500 a 1.000 unidades de glicose, proporcionando à solução do amido uma estabilização protetora contra agentes ácidos e também contra agitações de grande intensidade. A viscosidade adquirida das soluções de amido com ligações cruzadas possuem muito maior resistência com relação à degradação térmica. Contudo, o mesmo não ocorre com os processos de congelamento e descongelamento, pois estes ocasionam a separação de soluções.

Os amidos derivatizados são aqueles modificados através da adição de cadeias laterais com carga negativa, tais como acetatos, succinatos e fosfatos. A união das moléculas de amido é evitada graças às forças de repulsão exercidas pelas cadeias laterais. As soluções de amido derivatizado possuem grande viscosidade e limpidez. Sua utilização é voltada especialmente para o espessamento de produtos a serem congelados.

Os derivados de celulose

A celulose é um polímero totalmente insolúvel na água e não é digerido pelo organismo humano. Para que seu uso seja possível nos alimentos, é preciso que passe por uma transformação para um estado "aquassolúvel", dispersível ou coloidal, para facilitar a dispersão da celulose no alimento.

A celulose microcristalina é obtida pelo tratamento da celulose com ácido, visando sua hidrólise. Após esta reação, é tratada com carboximetilcelulose sódica (CMC), a qual atua como auxiliar de dispersão e coloide protetor. Posteriormente, a substância é submetida a secagem para formação de um agregado cristalizado a ser triturado. Os pós obtidos são insolúveis em água, embora dispersíveis de tal forma a constituir soluções coloidais e géis opacos. Essas dispersões, quando originadas de celulose microcristalina, podem ser floculadas quando em contato com eletrólitos. Com o aumento da proporção do coloide protetor, aumenta relativamente a resistência à floculação. A celulose microcristalina não é considerada um estabilizante completo e, por isso, é usada somente em conjunto com outras gomas, como a carragena e a carboximetilcelulose sódica.

A carboximetilcelulose sódica (CMC) surge a partir de celulose e monocloroacetato de sódio. Além de ser aquassolúvel, suas soluções apresentam viscosidade em elevadas faixas de valor do pH. Funcionam em grande escala como estabilizantes em sorvetes, proporcionando boa textura e corpo com boas propriedades de fusão. Em alimentos dietéticos são empregados como agentes de corpo.

Aplicações tecnológicas

As aplicações tecnológicas mais expressivas dos espessantes estão na área de panificação, alimentos açucarados, produtos cárneos, bebidas e sorvetes.

Na área de panificação, o uso do alginato e da carboximetilcelulose permite a obtenção de uma massa de estrutura mais esponjosa, suave e uniforme, sem perda da firmeza, além de possibilitar uma distribuição mais homogênea de substâncias aromáticas.

Nos alimentos açucarados, os espessantes são usados como agentes aglutinantes. Nessa área, o agar é o preferido em produtos ácidos, pois geleifica independentemente do conteúdo de açúcar e acidez.

Aplicados em produtos cárneos, os espessantes aumentam a viscosidade, prolongando o estado de frescura e, portanto a capacidade de armazenamento. Em salsichas, por exemplo, a carboximetilcelulose evita a separação de fases e aumenta a firmeza.

Nas bebidas refrescantes turvas e néctares de frutas, os espessantes, como os alginatos, aumentam o poder de suspensão das partículas de frutas.

E, quando usados em sorvetes, os espessantes estabilizam e homogeneízam o sistema complexo de ar, água e gordura, que constitui o sorvete, melhorando sua firmeza e evitando a separação de cristais grandes de gelo. Os alginatos produzem uma textura porosa e um bom comportamento a fusão, sem que o sorvete fique pegajoso. Por outro lado, a carboximetilcelulose é um espessante termoestável e, por isso, gera ao sorvete uma maior resistência às trocas bruscas de temperaturas. No iogurte com frutas, os alginatos, em mistura com a pectina facilitam como espessantes o poder de suspensão.








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